Dormir foi uma das coisas que mais fiz nos últimos dias. João escolheu esperar mais, e nós também. Saudável, mexendo muito, com sinais de alarme falso, acordei às 2h da manhã com uma leve cólica seguida de contração. Três dessas em intervalos de 10 minutos. Eu tinha certeza que João nasceria.
Acordei o papai, que logo levantou, foi levar as meninas ao banheiro, organizar a casa e colocar as malas no carro. Empolgado e preocupado. Levantei, cronômetrei as contrações e fui terminar de organizar o que faltava de minhas coisas pessoais. Tomei um belo banho e fui repassando em minha cabeça tudo que eu pudesse esquecer e que fosse utilizar na maternidade. Com tudo pronto, às 3h30 saímos para buscar a babá das crianças. Voltamos para casa, me troquei, tomei café, e daí sim, fomos para o hospital. No caminho, ligamos para o nosso médico que prontamente nos atendeu.
Ainda não estava em trabalho de parto, era pouco mais que cinco da manhã quando chegamos ao hospital. Até ser atendida e encaminhada, com as dificuldades que as unidades têm em humanização, não esperava menos que resistência de um plantonista, despreparada e cansada que terá que nos responder via ouvidoria, mas essa história fica para outro dia… eu sabia que aquelas contrações, que diminuíam o espaçamento, aumentava a frequência, as dores, diziam que eu precisava ser avaliada. Até porque, horas depois, estava marcada uma das últimas consulta de pré-natal e eu estava pronta para intervir. Nosso médico chegou para nos avaliar e encaminhar para internação nesse processo de resistência da plantonista.
Hoje, João faria 41 semanas se estivesse na barriga. Nasceu com 40 semanas, seis dias, e no dia 20 de abril de 2023. A data prevista para o parto? 14/04/2023.
No hospital nosso médico fez nossa internação e fomos encaminhados para sala de parto, a suíte 8. A mesma que ficamos no domingo de Páscoa, após um alarme falso. Na avaliação, 7 cm de dilatação mas ainda não estava em trabalho de parto. Risadas, histórias, bate – papo e preparação do ambiente e das câmeras para registrar esses momentos que você vai ver em breve.
Às 7h já tinhamos contrações, ritmo, dor, e silêncio. Foi tudo muito rápido. E esse era um dos meus medos de ficar em casa e esperar.
Ficamos na sala com luz baixa, Edu, eu, nosso médico, e uma playlist de canto gregoriano. O dia raiava lá fora e eu tentava manter o foco na respiração. Respirar certo durante as contrações, agachar, respirar certo depois das contrações, esperar a contratação, levantar, sentar na bola, me manter ativa durante todo o processo. Era isso que eu fazia. Estava determinada a lutar ali com o que eu tinha. Em pouco tempo, 9 cm de dilatação e bebê bem baixo.
Eu poderia esperar? Sim. Mas tive medo, ansiedade, e olhava para a imagem de Nossa Senhora pedindo que ela acalmasse meu coração para que eu conseguisse ter mais um parto tranquilo. Meu menino lindo mexia muito e foi o primeiro a nascer na água (com toda minha resistência porque eu morro de nojo de banheira – detalhe, estou até agora pensando se realmente limparam bem aquela coisa que foi feita para acumular sujeira do corpo das pessoas, quantas bunda já sentaram ali, qual produto foi utilizado para higiene, etc.)
Foi muito rápido. Decidimos romper a bolsa para acelerar o processo e assim foi. Em menos de uma hora João estava em meus braços. Primeiro, contração, dor, repouso de respiração e corpo em movimento. Vem contração, agaicha. Era só o que eu pensava. Teve uma hora que não dava mais. Meu corpo pedia para sentar, deitar, fazer algo para aliviar aqueles segundos de dor que sinalizavam o fim do trabalho de parto e o início do nascimento.
Edu entrou na água comigo. Uma banheira de água quentinha e o alívio de boa parte da dor. Pronto, pensei, vão espaçar as contrações. Conversei com João e pedi a ele que viesse tranquilo, no tempo dele, sem pressa, e sentia que ele entendia isso. A barriga foi ficando dura, pequena, e a vontade de fazer força chegou. O médico me pedia para vocalizar, gritar, fazer o que eu quisesse, mas eu só queria silêncio. Senti o João coroando e, acredite, essa não foi a pior parte. Essa hora eu sabia que era o começo do fim!
Nunca tive medo do parto. E essa foi a pior parte. O parto normal é um processo natural. Eu estudei isso por anos, pratiquei em outras vezes, mas dessa vez era a insegurança gritava dentro de mim: você não vai conseguir. E como essa gravidez foi uma aventura psicológica, meus medos eram todos aumentados e preocupados com o João.
Quando o médico disse: é isso, Simone! Você está fazendo certo. Essa é a força. Quando você quiser, eu te ajudo, o João vai nascer! Parece que eram essas as palavras que eu precisa ouvir para que o João nascesse. Ele chegou e veio direto para meu colo, chegou junto com a pediatra, que foi muito atenciosa e respeitosa conosco. O pequeno ficou sem chorar, ouvindo nossa voz, curtindo a água quentinha, esperando papai para cortar o cordão umbilical.
O gurizão nasceu bem, saudável, com 3.940 quilos e 52 centímetros. Eu já imaginava que ele seria grande e isso não me assustava em nenhum momento. Eu conheço meu corpo, sei que Deus é Bom e que tudo sairia conforme sua vontade. Não tive lacrações, nem síncope como em outras vezes, vi tudo, falei com a pediatra, acompanhei os cuidados com João ao meu lado, sem procedimentos desnecessários.
E assim aconteceu. Às 8h30 o João estava em meus braços. Lindo, enorme, com os cabelos loiros, os traços muito semelhantes aos irmãos. Uma mistura incrível de tudo que amo. E é impressionante como seus cílios e sobrancelhas são praticamente invisíveis, apenas uns pequenos pelos loiros. Ele tem um furinho no queixo muito charmoso e os dedos, misericórdia, como são compridos!
João é nervoso. Ainda está aprendendo a mamar. Não tem paciência para esperar a mamãe ajudá-lo com o peito e grita. Eu achei o choro dele muito diferente do choro do Miguel, que era mais duro, e do choro das meninas, estridente, exagerado. Ele tem o choro dele! Resmunga muito, como um senhor de 70 anos rabugento, e me divertiu muito conhecer esse estressadinho na madrugada.
João fez máscara equimótica, por conta do parto, algo super comum que também aconteceu com Miguel. O bebê fica com o rostinho roxo, sabe. Alguns pequenos vazinhos se rompem e depois de uns dias, após desinchar e passar a respirar aqui fora, voltam a ficar coradinhos. O que, claro, não me impede de ver sua beleza de bebê lindão.
Ele tem a cabeça pequena, não teve bossa ou cefalo-hematoma, como Miguel. Tem cabelo ralinho como o irmão e tem as costinhas peludinhas. Uma fofura de bebê. Hoje está usando um conjunto de roupas que comprei para o Miguel usar na maternidade e que não serviu. É um macacao simples, cinza, da Tip Top, que suas irmãs usaram por meses. João também estreou a toalha fralda do Miguel, feita lá em Birigui pela tia Sirlei, quando Miguel ainda estava na barriga. Ele disse que ia emprestar para o irmãos e eu a trouxe.
João é luz. Ele dorme bem, mama, faz bastante coco e xixi, e é muito curioso. Fica observando o ambiente e ama luz acesa. Como nasceu grandão, precisa ficar no hospital para ser avaliado por exames de glicemia, o que quebra meu coração vê-lo com pezinho furadinho a todo tempo, mas está super bem e amanhã receberemos nossa alta.
Agradeço, de coração, toda mensagem de carinho que recebi. Lerei todos os comentários, responderei, e já deixa aqui embaixo quais são suas dúvidas e curiosidades que volto para te dizer.
Q emoção!!
Deus abençoe vcs!
João o mundo é teu! ❤️
Simone, quanta inspiração ler os relatos, eu sorri, chorei, uma mistura de sentimos e no final o alívio. Parabéns mulher, e bem vindo
Joãozinho.
Que Deus continue abençoando você e a sua família.
Um grande beijão.
Karoline/ASB de Miguel
Seja bem vindo lindao da tia
Que Deus te abençoe João
Parabéns minha amiga, lindo o João Deus continue abençoando vocês ❤️
Que Deus abençoe sua vida e de sua família, que o João cresça em muita saúde, paz e amor.
Parabéns a você por sua garra e a maezona que é
Que lindo, parabéns mamãe e papai. Muita paz e luz.
Parabéns pelo Joãoooo. Lindo ele. Deus abençoe!
Quero saber como foi lidar, qual o sentimento, em meio as dores, quando foi atendida por um GO q por egoísmo, não procedeu de maneira profissional?
Vida longa ao galego João.
Olá querida Simone!
Eu tenho uma dúvida; sobre ele ter nascido dentro da água; como funciona isso?
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