João foi o nome do meu avô paterno. Eu não o conheci, mas soube de histórias de muito carinho e afeto dele com os filhos, meu pai e meus tios. Nunca havia me imaginado mãe de um João. Sou alguém que gosta de estar grávida, de rezar pelos padrinhos, escolher o nome da criança, de encontrar um significado e um intercessor lá no céu  pelos filhos. Foi assim desde o Miguel até Maria Teresa. Mas com João, não.

Essa gravidez, sem dúvidas, foi e está sendo a mais difícil, física e psicologicamente para mim. Desde a descoberta eu queria o fim desse processo. A gestação mal havia começado e eu já estava desesperada, querendo o nono mês, cheia de medos e inseguranças. Medo de perdê-lo a qualquer momento, de estar sendo uma mãe ruim, ou por medo de fracassar e cair, novamente, numa depressão que me sucumbisse.

Minha preocupação? Saber o sexo da criança (menino ou menina), e não ter um nome para chamar meu filho. O que sempre decidimos com antecedência e dessa vez foi algo completamente diferente e assustador. Não tínhamos um nome para nosso quinto bebê!

João não foi sonhado, planejado, mas sempre foi muito querido por nossa família. No período de crises da depressão eu tinha muitos pesadelos. Mesmo medicada as noites eram um inferno. Os sonhos eram tão reais e sofridos que eu acordava suada, preocupada, na certeza de que não havia mais criança ali. E quem tem ansiedade sabe como uma crise de pânico dói. Imagina grávida?

Quantas vezes passei a madrugada imaginando como poderia me livrar de todo sofrimento e ansiedade por não conseguir lidar com o processo do luto a tempo de viver tudo outra gravidez. E que ano foi 2022? Trabalho, trabalho, trabalho e mais trabalho. No fim, um quase desemprego.

Ao sair da clínica, descobrir que esperava um menino, eu só sabia que não teria um filho com nome composto. Conversando com Edu, ainda no carro, me lembrei dessa passagem abaixo. Nós nos emocionamos e tivemos a certeza que esse era o nome do nosso filho: João. João de Maria! Só João.

“Ao ver Sua Mãe e junto d’Ela o discípulo que Ele amava, Jesus disse à Sua mãe:” ‘Mulher, eis aí o teu filho’. Depois disse ao discípulo: ‘Eis aí a tua Mãe’ (Jo.19, 26-27).

Sabíamos que Deus tinha um propósito para nossa família com a chegada dele. Só não fazíamos ideia de que ele faria parte de momentos tão profundos e dolorosos, como as crises da depressão. João me traz paz, calma, e consolo. Foi ele quem ficou aos pés da cruz com Maria. Ele a sustentou ali, de pé, diante do filho de Deus. 

João era filho de Zebedeu, irmão de Tiago, e estava sempre presente com Jesus. Seu nome, em hebraico, significa: Deus é gracioso. No livro de Atos, João é retratado como um companheiro constante e forte de Pedro. Jesus o chamava, juntamente com Tiago, de Boanerges, que significa: “filhos do trovão”. Eles eram impetuosos e tinham personalidade forte.

Então, o que esperar do meu João? Nada menos que isso. Ele já se deixa conhecer por nós desde o ventre. Mexe muito, se alegra com a folia dos irmãos e vem para nos alegrar com sua personalidade. João nos ensina que nosso amor por Jesus Cristo nos leva a aceitar nossos próprios chamados e desafios na vida.

Sabemos que os filhos têm a missão, assim como cada um de nós. Mas ver, concretamente, como eu estava e onde eu cheguei, apesar de mim, dos meus medos e de todo um processo que envolve saúde física e mental, só me faz ser grata por cada segundo de vida desse menino. Ser mãe do João vai ser desafiador, porque eu sei como vai ser para ele: ser o filho de uma casal acelerado que precisa de pausas, mas, com ele, colocaremos ordem onde ela tem faltado e seguiremos.

Pode vir, filho! Te amamos e tem uma galera esperando para te ver. Venha no seu tempo e nos ajude a compreender e esperar por ti.