Eram 5 horas da manhã, de uma quarta-feira, dia 20 de dezembro de 2017. Levantei-me, como de costume, para ir ao banheiro. E já estava com 38 semanas de gestação. A cesariana estava agendada para a sexta-feira, (22/12). Estava pensativa sobre a via de parto. Será que quero a cesariana? Meu bebê está pronto, posicionado para nascer no “jeito” normal.
Senti umas dores abdominais, fiz o número 2 e voltei para a cama. Acordei me sentindo desconfortável, algo diferente já estava acontecendo e eu não fazia ideia de que eram as contrações.
Liguei para minha médica, às 6h, e falei: Tá doendo minha barriga! Não tô normal… Ela perguntou sobre o tampão, eu disse que já havia o perdido desde a última segunda-feira e ela me disse: Vá para o pronto atendimento, esses são os sinais de que você vai parir. E nem acreditei.
Avisei o marido, ele mandou eu me acalmar, tentou me alimentar mas recusei. As dores só aumentavam. Tomei banho, e nada de passar. Liguei para minha mãe e falei para ela não ir trabalhar. Pedi que ela me acompanhasse até o hospital e ela veio correndo. As malas já estavam prontas, no carro.
Fui retorcendo de dor, no carro, e já eram 7h15 da manhã, e aquele trânsito! No caminho, liguei para a dra, perdi para que ela corresse para o hospital e disse que estava muito ruim…ela ria! Rs Tentou me acalmar e disse: É HOJE!
Cheguei ao hospital e não imaginava que demorasse tanto para preencher uma ficha de internação. Foram poucos os minutos, mas pareceram eternos! Eu estava mole, cansada, sentindo dores. Quando me levantei da cadeira e começou a escorrer sangue, ah daí as coisas foram aprumando.
Me encaminharam para o setor de ginecologia e fui avaliada por uma médica plantonista. Uma querida e bem humorada. Fez o toque e deu um grito: 10 cm. Dilatação total! Uauuu! Ele ta coroando e vai nascer!!
Pedi para ligarem rápido para minha médica, pedir para ela correr antes que meu João decidisse sair. Ela orientou a plantonista para me acompanhar até a sala de parto, me colocar de cócoras até ela chegar. E assim fomos.
Começou a partolândia. Eu gritando, alucinada, e dizendo para não deixar minha mãe participar do parto por conta da pressão alta. Só risada, né. Pedi a analgesia e, claro, não me deram. Elçe já estava nascendo. A dra chegou e foi um alívio, consegui até respirar melhor. Ela me acompanhou até ali, eu precisava dela para João nascer.
Segui as orientações da dra, fiquei com minha mãe, com os pés nos ombros dela, e fazendo força cada vez que vinha uma contração. E na hora eu pedi para ir para o centro cirúrgico. Já não estava aguentando de dor! Ela foi fundamental para aquele momento. Depois de 40 minutos que chegamos, meu filho nasceu!
A dor do expulsivo vai ser a dor que lembrarei para toda a minha vida. Minha mãe esteve comigo o tempo todo. Depois, o meu marido chegou! Nasceu, João Eli, meu primogênito, 51 cm, 3,350kg todo cabeludo, e veio direto para os meus braços. Eu ainda estava alucinada. Fiquei anestesiada, não acreditava que tinha conseguido um parto normal. Fui forte, quis desistir, não dava para desistir. Eu dei conta! E foi a melhor sensação que tive.
Depois do parto, me trocaram de sala. Fui ser avaliada pela médica enquanto papai e vovó babavam no meu menino. Tivemos um ótimo atendimento, com plantonistas, equipe médica, pediatra e todos os enfermeiros que nos atenderam naquele dia.
No apartamento, assim que chegamos, de cara João Eli pegou o peito. Sem fissuras, sem dores, mamou e mamou bem. Não tivemos problemas com a amamentação e essa era uma de minhas preocupações. Uma hora depois eu estava tomando banho sozinha, falando ao celular, contando para o mundo que meu filho havia nascido, de parto normal, e que estávamos maravilhosamente bem.
E a cesárea de sexta-feira? Já era! Foi cancelada. Eu consegui parir.
João Eli é filho de nossa amiga, Mellyza Barros. É jornalista, mãe, dona de casa, e dona do coração mais puro e generoso que uma amizade verdadeira pode oferecer. Hoje, minha afilhada. Edu e eu somos padrinhos, testemunhas da união sacramental dela com João. Um parto e muitas histórias. Obrigada, Mell. Ler seu relato foi emocionante e divertido (risos).