Gastando tempo com os filhos

Se pararmos para pensar sobre o que significa a maternidade em nossa vida, com certeza, muitas de nós vamos pensar ou dizer: não sei como era ou seria minha vida sem meus filhos. Eu sei. Também não me lembro muita coisa de como era minha vida sem os meus. É muito louco pensar na vida depois dos filhos. Muitas mães, por exemplo, deixam de fazer atividades mais radicais pelo medo da morte.

O medo fala mais alto em muitas coisas. Subir em uma árvore, cair de bicicleta, coisas que fazíamos quando crianças, enxergamos como perigo para nossos filhos. Queremos poupar as crianças de toda dor e sofrimento desse mundo. Bem absurdo pensar nisso. Dia desses perguntei para o Miguel, meu primogênito, o que os filhos esperam dos pais? Fiquei surpresa com a resposta dele: tempo!

Senti, sem ouvir sua justificativa, uma mãe ausente e péssima. E, apesar de mim, mesmo estando cada dia mais presente na vida deles, esperei ele concluir a resposta. Num todo, segundo ele, os filhos querem mais tempo com os pais. Tempo de qualidade. Tempo para ouvir, para jogar junto, para estar presente e ser presença na vida dos filhos. Não aquela meia presença, sabe? A presença que está ali, presente. Não a presença trabalhando. Que está ali, mas está de olho no celular. A presença que está com a criança, mas cuidando de um algum serviço em casa.

A ausência na presença é sentida pelas crianças. Daí a importância de separar um tempinho de convivência para cada um. Estamos automatizados a dar conta de muitas coisas ao mesmo tempo, mas também precisamos focar no que importa e necessita de presença total: nossos filhos, por exemplo. O olho no olho, o cafuné, o abraço apertado, o dormir juntinho, falar sobre brincadeiras antigas, coisas que nos surpreendem e podemos fazer.

Gastar tempo com o que importa, assim como uma vela sobre o altar, nos entregando aquele momento por inteiro. Na escala do “se gastar por inteiro”, em que lugar está sua família? Na fila da prioridade colocamos o trabalho e algumas outras tarefas como ações necessárias e elas estão sempre no topo da lista. Quando digo do que não pode faltar, não me refiro ao seu tempo integral, mas aos 15 minutos que você ganhará estando em uma atividade com um dos seus filhos, por exemplo.

E quando é que temos “tempo” para estar com os nossos filhos e conhecer os seus gostos? Na minha realidade, estar com cada um, de idades diferentes, numa fase diferente, e me envolver e importar com o que está passando em seus corações, é um desafio que tento priorizar para poder conduzir enquanto ainda posso. Já já eles não vão querer ou precisar da minha importância. Então, que eu comece agora.

A criança gosta de brincadeiras, ouvir músicas e ver clipes que não assistiríamos em nenhuma outra oportunidade, rir de piada que não tem graça e colorir junto, além de uma escuta afetuosa e de entrega total. É o que tem ocorrido por aqui para que eu possa compreender e tentar ajudar os pequenos a colocarem para fora o que estão sentindo. 

Se você perguntar para seu filho o que ele mais gosta ou sente falta na rotina da sua família, acredite, ele vai te dizer. Prepare-se para respostas dolorosas, amorosas e tímidas. E escolha gastar seu tempo com o que, de fato, importa.

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