Dia dos namorados é dia para uma DR bem séria
Se você perguntar para o meu Miguel sobre o que ele quer ser quando crescer, certamente ele vai dizer: jogador de futebol. Mas antes, quando era menor, ele dizia que queria se casar e ser pai. E eu achava tão fofo ele pensar assim. Tive que conversar muito sobre profissões para que ele compreendesse a pergunta.
Hoje ele insiste em querer ser pai e ter uma família, mas já entende que pode ser um bom jogador de futebol, ter uma família, e ser pai. Só não sabe como chegar lá, mas está aprendendo.
Há pouco tempo, tivemos uma conversa séria sobre casamento. Celebramos nossas bodas em maio e tive que explicar que havia me casado com o papai porque nos amamos e queremos ser família até o céu. Ficar juntos para sempre. Daí a confusão. Ele falou para uma amiga que quando crescesse iria se casar com a irmã dele, a Maria Clara, porque a ama e vão ficar juntos para sempre, até o céu. A menina rachou o bico de rir e disse que não podia, com espontaneidade de criança, claro, mas ele não gostou.
Então, fui eu conversar e destruir a inocência do meu filho de seis anos. Miguel é frágil, sentido, chora por tudo. E ficou chateado por descobrir que um dia vai ter que crescer, se casar, e não vai poder ser com suas irmãs. Ele não aceita que não vai morar com elas para sempre.
Daí, em ritmo de dia dos namorados, entramos no assunto namoro. Porque se ele não pode casar com a irmã, como ele faria para escolher e ter uma namorada? A primeira coisa que eu disse foi: há um tempo para cada coisa. CRIANÇA NÃO NAMORA! Nem em brincadeiras. Criança brinca, faz amigos, se diverte, estuda… Namoro é uma missão para jovens e adultos. Não gaste energia com isso agora. Mas se você quiser conversar, eu posso te ouvir.
Eu não gritei com meu filho, não briguei, nem repreendi. Eu eduquei o meu menino e orientei sobre respeito. Falei com ele com muito carinho e cuidado. Agradeci a ele por se abrir comigo e dizer que queria poder namorar. Falamos sobre amizades verdadeiras, sobre a importância de ter e ser amigo. Que ele podia ter preferência por brincar com algumas amiguinhas e com outras não, e o nome disso é afinidade.
Hoje ele sabe que quando estiver maior terá que escolher uma pessoa para amar, respeitar, conhecer e, se essa for a vontade dos dois, se casar. O namoro serve para isso. E que bom que meu filho aprendeu sobre namoro comigo, a mãe dele. E falamos disso com naturalidade, numa tarde na cozinha, enquanto lavava a louça.
Miguel estava ansioso pelo dia dos namorados. Eu estava apreensiva, confesso. Daí hoje ele me disse que estava feliz. Que data especial de casal adulto tem que ser comemorada com toda a família. E por isso ele queria que chegasse logo esse dia.
Meu guri acredita que todo dia dos namorados é um feriado. E que temos que dançar, comer bem, fazer decoração na casa, usar roupas novas e comer doces à vontade. É o que fazemos nos nossos aniversários ou celebrações em família. Ah, ele também está ansioso para esse dia porque, em datas especiais, assistimos filmes até tarde no sofá e dormir na sala.
E que bom poder ouvir do meu filho que ele confia em mim para, um dia, me contar sobre seus sentimentos por outras pessoas. E eu sei que nem sempre será assim, mas sou grata a Deus por hoje ser o porto seguro dele. Estamos aprendendo a dar nomes corretos aos sentimentos. Tem funcionado bem! O que é o ciúme, a raiva, a inveja… Falar sobre assuntos delicados com os filhos não é nada fácil. Mas precisamos passar por isso, então, não evite falar sobre temas polêmicos. Fale! Ouça! Seja pontual, didática, paciente e breve.
Não incentive crianças aos namoricos inocentes. É dispensável fazer seus filhos passarem por uma fase, que desconhecem, precocemente. Conheço pais que compram flores, chocolates e ursos para os filhos presentearem as amiguinhas da escola. Não seja essa pessoa. Repreenda adultos que fazem brincadeiras constrangedoras. Seja a mãe chata sem constrangimentos.
Lembre – se, namorar não é ruim, só não é para criança. Dê exemplos positivos aos seus filhos. Fale de coisas que crianças podem e devem fazer. E o mais importante, preserve a inocência dos seus filhos. TVs, APP, redes sociais, eles terão tempo suficiente para perder com isso no futuro adolescente. Eduque hoje. Ensine hoje. Fale sobre respeito, sobre virtudes, bons livros, bons hábitos, mas namoro, não.