Passamos da fase de aguardar o novo normal bater a nossa porta. A vontade de nós, pais, é sair queimando as máscaras, desligando os computadores e dar aquele adeus as terríveis aulas online.
Porém, estamos no momento de aceitação e convívio equilibrado com esses novos hábitos. Por aqui, todos cansados de máscara, álcool, distanciamento e ansiosos por uma aglomeração. Mas e a volta as aulas?
Essa semana muitas escolas de Mato Grosso iniciam o retorno das atividades presenciais em modelo híbrido. Isso significa que parte das aulas serão presenciais, e parte delas as crianças permanecerão acompanhando remotamente. Uma decisão que tem gerado polêmica e foi tomada num momento em que não se falava em novas cepas da Covid-19. Pouco também se sabia sobre a reinfecção da doença.
Eu, a mãe que não deu álcool em gel como lembrancinha da maternidade, que há um ano aprendeu a lavar as mãos corretamente, e a colocar e retirar uma máscara, confesso que estou receosa e fui tentada a ceder. As crianças estão loucas para sair de casa, rever os amigos, as professoras, a escola, mas e os cuidados básicos? Porque por mais seguro e preparado que estejam, nesse momento, disciplinar a galera para manter a máscara no rosto e seguir a vida com a nova rotina de higienização é um desafio diário.
Aprendi duas coisas importantes em 2020: aula online não mata ninguém e Lives são necessárias.
Problematizei também algumas questões e quase ferrei minha saúde mental. Depois de um ano inteiro em casa, conhecendo meu lado louca-surtada, consegui estabelecer rotina, fugir dela, voltar pra ela, odiar ela e, ainda assim, ufa, conviver com ela.
Apesar da Covid, a vida continua! É bem fácil falar, mas seguir isso, nesse momento, é bem complicado. Mato Grosso registrou, de domingo para segunda-feira, (01/03) 363 novos casos de Covid. E com leitos em quase 90% de ocupação. Essa informação é importante e necessária, está disponível para todos, é atualizada diariamente no site da Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso. E eu também não queria ser a porta-voz da notícia ruim, mas alguém precisa fazer isso.
Não é o momento de retornar as atividades presenciais. E sei que não está fácil para ninguém. Tomar essa decisão é importante e urgente. Imagine o Estado tendo que decidir isso? Que louco, não?! Deixar que a vida dos meus filhos, a saúde da minha família, seja definida por outras pessoas. Analisando assim, acho que fica mais fácil. Não é sobre a educação. A pauta urgente é saúde pública.
Podemos aguentar mais um pouquinho. Agora já deu tempo de conhecer as professoras e os coleguinhas, saber como nossos filhos se comportam nas aulas, quais as matérias que se destacam e quais aquelas que apresentam maior dificuldade. Já tivemos em momentos mais delicados, e conseguimos suportar um ano inteiro de aula online.
Pode parecer egoísmo pensar assim e saber que muitas crianças estão sendo negligenciadas por não estarem frequentando a escola. Boa parte prejudicada sem acesso a um computador ou celular, muitas sem acesso a internet, porém, não é o fim. E mesmo que coloquem Mato Grosso no final da fila do IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) ao final deste ano, perder vidas, com certeza, vai ser um prejuízo muito maior.
Desse ano de 2021, para mim, o mais importante será o feito. E é assim que tenho preparado meu filho para o ano letivo revirado, que já começou por aqui. O feito, melhor que o perfeito. O que dá, será muito bem feito. E isso porque cabe a mim, mãe de três, zelar pela educação e qualidade daquilo que meu filho aprende, consome e precisa.
Entre as prioridades de 2021 está a saúde mental dos meus filhos. Algo que nunca passou por minha cabeça em dar a devida importância. Hoje, prioridade máxima. Seguir a vida como se nada estivesse acontecendo, não da mais. Para as mães que vão mandar seus filhos para a escola e não tem a opção de aguardar disponível, desejo sucesso. De verdade! Que toda escolha seja feita pelo bem da família e daqueles que a rodeiam.
Mas se depois de ler tudo isso aqui você ainda não compreendeu a gravidade da situação que estamos enfrentando, sinto em informar que precisará rever as ordens de importância sobre sua vida. Pois elas afetam diretamente o funcionamento da minha e de muitas outras famílias.
Grande Simone Guedes
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