Confiar nela, assim como nas Bodas de Caná, é esse o segredo.
Ontem celebramos mais um aniversário de casamento. Em tempo de isolamento social, nosso dia 12 de maio foi comemorado em casa, sem saidinhas para restaurantes. Estamos levando a sério essa coisa de quarentena. A comemoração foi bem intimista, com entrega do nosso restaurante preferido, que frequentamos desde quando ainda éramos namorados.
A Simone, lá em 2012, jamais conseguiria imaginar como seria tão belo o oitavo aniversário de casamento. E foi como deveria ser. Nossa Senhora, que sempre esteve presente em nossas vidas, não deixou que nada faltasse. Hoje, dia 13 de maio, dia de Nossa Senhora de Fátima, quero contar um pouquinho para você sobre como conseguíssemos realizar o nosso casamento.
Imagina só: dois jovens, morando longe dos pais, estagiários, pagando aluguel, estudantes de comunicação, apaixonados e querendo o sacramento do matrimônio. Só tínhamos a vontade de nos casar e, nem sabíamos, era tudo que precisava para dar início aquele momento tão importante em nossas vidas.
Quem nunca sonhou com um casamento cheio das coisinhas de novelas? Claro que era isso que eu queria! Eu sempre quis um casamento desses de filme de princesas, mas aí, na vida real, as coisas não são como imaginamos. E nem os casamentos precisam ser.
Depois de um longo processo de amadurecimento e namoro, só queríamos o básico, o suficiente para realizar a celebração. Um dia, após uma confissão, conversando com o padre sobre a vida, ele disse: porque vocês não se casam? Parecia óbvia a resposta, não?! Porque não tínhamos condições financeiras para isso! Casar custa, não é verdade? E essa conversar rendeu. Foi como surgiu o pontapé inicial para chegarmos até aqui.
“Não se preocupem com as custas da igreja. Eu darei para vocês. Marquem a data, peçam a Nossa Senhora o necessário, providenciem o casamento civil e comuniquem a secretária da paróquia a data para realizarmos o religioso”. A taxa paroquial foi o nosso primeiro presente de casamento.
ALIANÇAS
Rezamos, analisamos as contas, e ainda assim não era possível nos casar. Nem com o pouco que tínhamos. Não tínhamos aliança para selar nosso noivado. Daí iniciamos o “mutirão do ouro” (risos). Corrente quebrada, anéis, tarraxinha de brinco, pingente quebrado, tudo que tínhamos e ganhamos ao longo da vida, foi utilizado para formar nossa aliança. E são elas que usamos até hoje. E esse desprendimento material, se não for prova de amor, não sei o que é. Ainda temos o carinho pelo objeto ganhado ou conquistado com muito suor, mas o usamos de outra forma, de um jeito todo especial, no dedo.
NOIVADO
É possível ver o amor e cuidado de Nossa Senhora conosco em muitos momentos. Com toda certeza, infelizmente, não me recordarei de todos para colocar aqui. Alianças prontas, marcamos o noivado. Foi durante a celebração da Santa Missa, na minha cidade, sem convidados. Nossas mães, o padre e a comunidade presente numa missa de sábado à noite. Estávamos pra lá de satisfeitos. Conseguimos passar por mais uma etapa, sem grandes efeitos especiais. Era época de festa junina de rua e nossa comemoração foi confraternizar comendo as gostosuras de São João.
RECEPÇÃO
Preparar um casamento é estressante. Não tem noiva que consiga sair dessa sem uns surtos. E tudo isso é necessário. Foi nessa fase que mais nos aproximamos, rezamos, e choramos juntos. Precisávamos de roupas, decoração, e um jantar simples, pois o padre havia disponibilizado o salão da comunidade, se necessário fosse. E não foi preciso. Um dos casais de padrinhos, amigos de comunidade, sem saber das nossas angústias, nos deu de presente a locação do espaço para recepcionar nossos convidados. E ainda indicaram uma conhecida para preparar a comida, com preço justo e muito saborosa.
DECORAÇÃO
A decoração foi uma linda e agradável surpresa para nós. Flores são caras! Então, contratei a moça que decora a igreja para as missas e pedi que ela colocasse, na igreja, os únicos três arranjos de flores que consegui comprar. No dia seguinte, domingo, dia de Nossa Senhora de Fátima, haveria missa logo no primeiro horário. Ela, inspirada por Nossa Senhora, preparou a igreja com muitas flores, arranjos, a imagem de Nossa Senhora de Fátima, num altar bem próximo a nós. Ela poderia fazer isso após o casamento. Ela poderia fazer isso no dia seguinte, bem cedo. Mas ela fez a tarde, antes do nosso casamento. E tudo ficou perfeito.
VESTIDO
E as roupas? Você entendeu que não tínhamos nada, não é verdade? Pois bem, a mãe de um dos nossos padrinhos tinha uma loja de noivas que acabava de fechar. Um dia, conversando com eles, sobre o casamento, vimos a possibilidade de olhar alguns dos vestidos, que não havia sido vendido, para ver se conseguíamos reformá-lo. Olha isso! Noiva inspirada em programas de TV à cabo? Temos.
Separei dois modelos e fui a uma loja. Infelizmente, o custo para reformá-lo era praticamente o mesmo valor de locar um seminovo.
Nesse dia, providencialmente, encontrei um padre, muito querido por nós, que estava na loja com sua mãe dele. A loja era de uma paroquiana, amiga da família dele, e eles estavam atrás de roupas para a mãe dele. Nos cumprimentamos, falamos um pouco sobre os possíveis preparos para o casamento e fomos embora.
Dois dias depois a dona da loja nos convidou para retornar e disse que precisava falar conosco. Fomos! Então, descobrimos que o padre, nosso amigo, havia nos presenteado com a locação das nossas roupas: noivo, noiva e daminha. Nem imaginam a alegria que ficamos. Tínhamos, praticamente um casamento muito próximo de ser realizado.
MÚSICOS
A generosidade de Deus foi imensa. Ganhamos os músicos e, mais que isso, fizemos amigos que são pérolas para uma vida inteira. Nos primeiros anos de casamento eles estiveram lá, foram nosso refúgio. Nos amaram, ensinaram, viveram conosco e foram parte de nossa família. Testemunharam não só esse momento, mas o crescimento de nossa família. Como não ser grata por tanto?
CERIMONIAL
Na faculdade fizemos grandes amigos. Quando iniciamos os preparos do nosso casamento, um casal de amigos que tinha uma empresa de cerimonial e era muito próximo a nós, se dispuseram para nos ajudar. Explicamos a realidade de casamento que teríamos, com os poucos e bons, aqueles que estiveram próximos a nós durante o processo de namoro e noivado, e queriam testemunhar nossa união, além de nossos familiares, é claro, que se esforçariam para vir até a capital viver esse momento conosco. Algo simples e não fugiríamos disso. Eles foram de uma sensibilidade incrível! Estavam acostumados a preparar grandes eventos, grandes casamentos, e foram sensacionais, sem contar o jogo de cintura imenso que tiveram por conta do atraso da noiva (mas essa história vai para outro texto).
FOTOS E VÍDEOS
Há oito anos eu só tinha a certeza de que queria fotos lindas desse dia. É tudo o que fica para nós, os noivos. Recordação de imagem e vídeo dos convidados, amigos, parentes e tivemos a graça de ganhar as fotografias digitais, que revelamos logo após o casamento, e a gravação e edição de alguns vídeos que guardamos de recordação. O vídeo acima foi feito em casa. Eduardo mesmo quem editou. Esse, nós colocamos na internet para resumir como foi. Os outros, inclusive com depoimento de muitas pessoas queridas, nós temos em casa para nos lembrar desse dia.
Olha, eu poderia dizer tantas outras coisas que aconteceram providencialmente, tantas…, mas, para esse textão já deu.
Nossa Senhora foi uma mãe muito carinhosa conosco. Estava presente nos detalhes. E eu chorei, eu chorei muito, eu chorei escrevendo. Eu vi tudo acontecer e não poderia imaginar nada daquilo. Foi como Deus quis. Como Ele sonhou para nós. E sonhar com os sonhos de Deus é muito melhor que sonhar um sonho que jamais será realidade. Sonhe um casamento real, possível, palpável. E seja grato até pelo que não saiu como você quis ou imaginava.