Parece tema de série dramática, mas é a vida real acontecendo e quero partilhar com você. É doloroso ainda lembrar e relatar esse assunto que sempre estará presente em minha vida. A frase que sempre ouvi, de muitas pessoas próximas a mim, foi: me conta como você dá conta de tudo! Casa, trabalho, filhos, estudos e exercícios físicos? Hoje, te digo: Lexapro diariamente e terapia duas vezes na semana.

Foram meses de tratamento médico, medicação para dormir, medicação para ficar bem durante o dia, química e mais química, além de um processo imenso de aceitação com muitas situações que fugiam do meu controle e terapia. Fiquei doente em 2018 e eu me lembro muito bem como tudo começou.

Lidar com minha doença, compreender que haviam fios desencapados em minha cabeça e que foram causados por pessoas próximas a mim, no ambiente de trabalho, e ter que lidar com isso por anos, foi desesperador. A vaidade e uma gravidez no meio da doença, pior ainda. E tudo foi se agravando depois da pandemia.

E eu sabia que não estava bem, mas fui tentando resolver sozinha. E claro que não deu certo! Me vi grávida, pela quarta vez, no meio de um caos imenso em minha vida profissional e pessoal. Foi a primeira vez que me vi muito doente a ponto de não desejar a criança e a minha vida. Nada mais fazia sentido, se não os filhos que eu já tinha até ali.

A perda dessa criança me fez cair ainda mais num poço fundo e descobrir que o inferno, como diz Lara Nesteruk, tem subsolo. E eu o vi! Consegui entender e aceitar que precisava de ajuda psicológica e foi doloroso demais estar nessa situação tão constrangedora e humilhante para qualquer pessoa doente.

O grave problema de saúde ficou estabilizado até descobrir que, novamente, estava grávida. João chegou no meio de uma bagunça meio organizada. Semanas depois da perda do meu quarto filho. E o medo de uma nova perda me acionou gatilhos profundos. Precisei de ajustes de medicamentos para controlar a ansiedade e me ajudar a dormir. Até hoje, reta final de gravidez, tenho pensamentos e pesadelos horrorosos que me trazem para esse lugar solitário, vazio e pavoroso.

Uma quinta gravidez não me assusta. O que me tira o sono é a falta de segurança de conseguir, mais uma vez, educar uma criança que chegou na hora mais delicada de minha vida e saúde. Que vem trazer, com certeza, o que falta em mim.

Ainda há dias de angústia que preciso enfrentar diariamente. Conviver com a doença é consequência de ter me calado por todos os anos em que estive em ambiente tóxico e com pessoas tão doentes e maldosas como tive nos últimos oito anos.

A certeza que tenho é que não permitirei mais passar por situações em que os gatilhos sejam acionados e me afetem a ponto de perder o controle. A depressão e a ansiedade estão controladas. Eu estou com João, que chegou na hora certa, como tinha e precisava ser, e aprendi que para ser uma pessoa melhor, me fazer forte para continuar seguindo, eu precisava de uma pausa. E é sobre colocar as coisas no lugar com a maternidade que me fez voltar aqui e contar um pouco para vocês sobre a importância da saúde mental.

Você sabe como anda a sua saúde mental? Sabe dizer quais os sintomas que você tem? Consegue compreender o quanto você pode estar afetando a vida e a saúde de alguém? Pois aprenda: todos temos o dever de zelar e se responsabilizar por nossos atos e palavras sobre o outro. E vamos lá, mais uma semana, um dia de cada vez, normalizar o tema e acolher as pessoas. Foi isso que aprendi até aqui.